Resenha: Desde que o samba é samba

Olá pessoal, 

Venho trazer um pouco da resenha do livro do Paulo Lins, Desde que o samba é samba



Sinopse: O livro se propõe a resgatar momentos da formação da cultura brasileira, através do samba, da aparição da Umbanda e do modo de vida brasileiro no Rio de Janeiro de 1928 a 1931. Para isso, o autor conta a história de personagens envolvidos na fundação do primeiro bloco de Carnaval da escola de samba Deixa Falar. Prostituição, relacionamentos conturbados, sexo, violência, mas também a fé e o ritmo do samba fazem parte de assuntos abordados nesta obra.


O Autor: 
Paulo Cesar de Souza Lins (Rio de Janeiro RJ- 1958). Romancista, roteirista e poeta. Morador da favela carioca Cidade de Deus, estabelece, na juventude, profundo contato com a música, sobretudo com o samba. Nos anos 1980, ingressa no curso de letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e começa a escrever poesia, integrando, no mesmo período, o grupo Cooperativa de Poetas. Em 1986 publica seu primeiro livro de poemas, Sobre o Sol, fortemente influenciado pela poesia concreta. Ainda durante a graduação, passa a trabalhar como assistente da antropóloga Alba Zaluar, cujo doutorado se debruça sobre a criminalidade em Cidade de Deus. Incentivado pela pesquisadora, inicia a longa elaboração do romance Cidade de Deus, publicado em 1997. Em 2002, o livro é transposto para o cinema por Fernando Meirelles (1955) e Kátia Lund (1966), recebendo indicações para o Globo de Ouro e Oscar. Após o enorme êxito de Cidade de Deus, Lins torna-se roteirista de alguns episódios do seriado Cidade dos Homens, veiculado pela TV Globo. Recebe o prêmio de melhor roteiro da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por seu trabalho em Quase Dois Irmãos, dirigido por Lúcia Murat (1949).

Indicação do meu professor de mestrado, Desde que o samba é samba é o segundo livro de Paulo Lins, escritor de Cidade de Deus e trata de temáticas voltadas para a criação e produção cultural da década de 1920. Assim, além da produção do samba e da origem das escolas de samba, temos também como plano de fundo a situação das zonas de baixo meretrício da cidade do Rio de Janeiro nesse período, o choque entre as religiões cristã e de matriz afro-brasileira e a criação dos terrenos de Umbanda.  

O livro é ficcional, porém possui uma série de referências históricas e culturais. São citados autores, políticos e músicos como Noel Rosa, Prudente de Moraes e Drummond, além de outros e isso dá um caráter de verosimilhança a obra, deixando o leitor sem saber se os fatos citados são realmente reais ou ficcionais. 

As questões tratadas também como relacionamentos conturbados, a violência do morro, o sexo sem pudores e o desenvolvimento do esteriótipo do malandro também são engajadas e completamente históricas e culturais da zona carioca do Rio. Brancura, Valdirene, Tia Almeida, Silvia, entre outros, são personagens bastante comuns e representativos de uma classe negra, pobre e periférica, muita das vezes deixada de lado na literatura erudita. Porém, o autor consegue trazê-los para o foco da narrativa e todas as questões trabalhadas na obra os transformam em sujeitos dessa construção e representatividade. 

Por fim, é uma leitura muito boa para quem não tem contato com a cultura de matriz africana e com as religiões como Candomblé e Umbanda, já que no livro a tradição e ancestralidade são colocados de maneira clara. Também é indicado para quem busca conhecer culturas oprimidas e até mesmo de vozes contestadas, pois dá um panorama bem interessante ao envolver todas essas questões sociais com uma música tipicamente brasileira como o samba. 

É um livro representativo que constroem pontes entre a cultura dominante e oprimida e dá voz a quem não tinha como se expressar. 

Luisa Soresini 

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