Olá pessoal, tudo bom?
Nosso post de hoje irá
falar sobre literatura nacional, porém voltada para a poesia. Você já deve
estar se perguntando se irei comentar sobre clássicos como Paulo Lemiski ou
Castro Alves, mas não. Hoje irei falar sobre poetas jovens e bastante atuais.
Sabemos que a
literatura brasileira é um espaço concorrido e para poucos, principalmente para
jovens. A “boa” poesia então é reservada para os cânones literários e os jovens
ficam desprestigiados na produção. Contudo, hoje temos uma mudança nesse
quadro, com poetas como Alice Santanna, Bruna Beber, Bruno Gun, Marcos Siscar
entre outros, que estão mais evidentes e suas produções ganhando prestigio
entre os leitores. O que é um quadro maravilhoso e muito significativo para a
literatura nacional.
Com isso, hoje irei
apresentar duas poetisas muito talentosas e amigas minhas. Acompanho seus trabalhos
há muito tempo e hoje terei o prazer de mostrar alguns de seus lindos poemas.
Elas são Lídia de Oliveira e Telma Moura.
Lídia e a Poesia
artesanal
Lídia
Oliveira é mestranda
em Letras pela Universidade Federal de São João del-Rei. Publica seus poemas no
blog http://beijaflordelis.blogspot.com.br/.
É apaixonada por árvores, música e sorvete. Ainda não possui livros publicados,
porém suas poesias mostram uma grande habilidade poética e uma poesia delicada,
como um tecido sendo construído pouco a pouco.
sobre fendas e velas
por
minha fenda
tu
investigas
as
paredes úmidas
e
teu falo
curvilinhando
em
ambiguidade
percebe
outra porta
que
empurra
explora
num
trabalho artesanal.
a
porta anônima
em
desejosa dilatação
se
abre.
tu
vais de uma porta
à
outra tão vivo
que
a morte trêmula
peregrina
em minhas
pernas.
teus
dedos delineiam
a
espessura do meu gozo.
tua
chama fincada
num
espasmo
se
apaga:
parafina
derretendo
dentro
de mim.
olhos em guerrilha
I
dos olhos
fantasmas cansados
em solidária companhia.
incorporam-se à boca, à beira do
barulho.
repetem, noite adentro, a fumaça
como uma cauda ausente de forma.
num esforço de pedra,
resistem com armas de nuvens.
II
da guerra
o despertador da guerra obriga um
lado
mínimo relâmpago caindo
em sílabas nas pegadas e bocas .
estoura em segundos
feito a merda que sai.
III
do corpo
carrega os olhos soterrados nas
pálpebras,
agora cegos, acumulam memórias.
Telma
Moura e a poesia experimental urbana
Telma Glória Trindade de Moura, natural de Ribeirão Vermelho/MG, e
residente em São João Del-Rei desde 2012. Tem formação em Letras pela UFSJ. É
mestranda em Literatura e Memória Cultural pela mesma instituição. Técnica em
informática frustrada. É poeta e pesquisadora de poéticas da contemporaneidade.
Criadora do blog: http://poesiainerente.blogspot.com.br/ Finalista do Câmpus
Literário – Concurso de Poesia, Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais Campus Barbacena em 2014 e também do 16º
Concurso de Poesias da UFSJ em 2016.
CARTA
À BAUDELAIRE
E o óleo que move essa
máquina....transpiração
Medulla
O sol ameaça um sorriso
se desmancham as nuvens
tenho dó
do homem que se levanta cedo
já domina a brasa
e não vira pó
e assim acreditamos
na betoneira da vida
que sacudindo os ossos
limita não só os anos de vida
mas as expectativas do homo ludens
que ainda habita em nós
e aprendemos todos os dias
a concretizar planos, adiar nossos
sonhos
e
a morrermos sós.
TORMENTO
Tormento
maior é a dor da escrita
Arranhos
ortográficos
e
nós na garganta
Os
dedos gelados entre apertados
procuram
direção
o
norte das palavras
milimetricamente
apoiadas
pensadas
para serem apenas palavras
o
café antes quente,
agora
gelado,
mantém
os dias frios
as
noites e os dias,
vazios
(...)
Até mais pessoal!
Luisa